A Busca pela Estética e a Dismorfia Corporal

Muntt Jocen
By Muntt Jocen 44 Views
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A busca incessante pela perfeição estética pode evidenciar um transtorno psicológico conhecido como dismorfia corporal. De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), o Transtorno Dismórfico Corporal (TDC) é caracterizado pela distorção na percepção da própria aparência, levando a uma preocupação excessiva com defeitos físicos que são imperceptíveis ou inexistentes para os outros.

Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), cerca de 4 milhões de brasileiros sofrem com dismorfia corporal, sendo a maioria mulheres entre 18 e 30 anos. Globalmente, estima-se que 2% da população seja afetada por essa condição. A identificação do transtorno pode ser complexa, especialmente quando a busca por procedimentos estéticos é algo comum na sociedade atual.

A psicóloga clínica Juliana Santos Lemos, especialista em Psicopatologia e Terapia Cognitivo-Comportamental, explica que pessoas com dismorfia corporal atribuem uma importância exagerada à aparência física. Elas acreditam que uma imperfeição física é a causa de seus problemas, priorizando a estética em detrimento de outros cuidados com a saúde.

Um dos sinais do transtorno é a preocupação excessiva com o peso, mesmo quando está adequado à altura e faixa etária. Essas pessoas frequentemente se submetem a exercícios intensos e dietas restritivas sem acompanhamento médico, o que pode agravar a situação.

O cirurgião plástico Luís Maatz, especialista em Cirurgia Geral e Plástica, observa que indivíduos com dismorfia corporal tendem a realizar procedimentos estéticos de forma compulsiva. Desde intervenções simples, como botox, até cirurgias mais invasivas, como lipoaspiração, a insatisfação constante com a autoimagem leva a uma busca incessante pelo padrão de beleza ideal.

Uma revisão sistemática publicada na Revista Brasileira de Cirurgia Plástica revelou que a prevalência do TDC entre pacientes que buscam procedimentos estéticos é de 12,5%, significativamente maior do que na população geral, que varia entre 0,7% e 2,4%. Esse dado destaca a necessidade de atenção especial para esses pacientes.

A frustração com os resultados dos procedimentos é comum entre aqueles com dismorfia corporal. Luís Maatz explica que essas pessoas têm expectativas irreais e nunca ficam satisfeitas, pois os procedimentos não conseguem corrigir as “deformidades” que elas percebem.

Juliana Santos Lemos alerta que a busca incessante pela perfeição estética cria um ciclo vicioso. A frustração leva a mais procedimentos, cada vez mais invasivos, sem nunca alcançar a satisfação desejada. Esse ciclo pode agravar o transtorno de imagem e desencadear outros problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade.

Para identificar comportamentos incomuns, os especialistas recomendam uma avaliação cuidadosa na primeira consulta. O médico deve coletar informações detalhadas e, se necessário, conversar com familiares para orientar a busca por ajuda psicológica. A terapia cognitivo-comportamental é um dos tratamentos mais eficazes, ajudando a pessoa a reduzir a importância das características físicas e a compreender melhor sua autoimagem.

Em resumo, a busca pela estética pode evidenciar a dismorfia corporal, um transtorno que requer atenção e tratamento adequado para evitar complicações emocionais e físicas.

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