Dona de clínica é presa após influenciadora fazer procedimento estético e morrer

Muntt Jocen
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Influenciadora Aline Maria Ferreira tinha 33 anos. Marido disse à polícia que ela fez um procedimento estético para aumentar os glúteos, com a aplicação de PMMA, com dona de clínica em Goiânia.

Grazielly da Silva Barbosa, dona da clínica estética Ame-se, de Goiânia, foi presa pela Polícia Civil de Goiás suspeita de crimes contra as relações de consumo e lesão corporal seguida de morte, nesta quarta-feira (3). A modelo brasiliense e influenciadora digital Aline Maria Ferreira, de 33 anos, morreu após fazer um procedimento estético para aumentar os glúteos, com a aplicação de PMMA, com a investigada.

O g1 não conseguiu localizar a defesa de Grazielly até a última atualização da reportagem. O portal também ligou para a clínica em busca de um posicionamento, mas ninguém atendeu.

A prisão da suspeita foi realizada por policiais da Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Consumidor (Decon) de Goiás. Mas a vítima morreu em um hospital particular de Brasília, onde estava internada.

A polícia não deu detalhes sobre como a prisão foi feita, mas deve falar com os jornalistas nesta quinta (4), em coletiva.

Conforme a Lei 8.137, são considerados crimes de relação de consumo fraudar preços; induzir o consumidor a erro sobre a natureza e a qualidade do bem ou serviço, vender mercadoria com descrição ou composição em desacordo com as prescrições legais, entre outros.

À Polícia Civil, o marido de Aline contou que ela morreu, na terça-feira (2), em um hospital particular de Brasília, onde estava internada desde sábado (29). O procedimento foi feito no dia 23 de junho, quase uma semana antes, em uma clínica de estética de Goiânia.

Segundo o g1 DF, o marido da influenciadora afirma que a cirurgia foi rápida e eles retornaram para Brasília no mesmo dia, com Aline aparentando estar bem. Mas no dia seguinte, ela começou a ter febre.

O marido afirma ter entrado em contato com a clínica, que justificou que a reação “era normal” e que Aline “deveria tomar um remédio para febre”. Mas mesmo medicada, a influenciadora continuou com febre, e na quarta-feira (26), começou a sentir dores na barriga.

De acordo com o marido, na quinta-feira (27), Aline piorou e desmaiou. Ele a levou ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran), onde ficou por um dia. Depois, ela foi transferida para um hospital particular da Asa Sul, onde morreu.

O corpo de Aline será velado e sepultado na quinta-feira (4), no cemitério Campo da Esperança do Gama.

Segundo apurado pelo g1 DF, no procedimento que Aline passou, foi feita a aplicação de 30ml de PMMA em cada glúteo.

PMMA é a sigla para polimetilmetacrilato, uma substância plástica com diversas utilizações na área de saúde e em outros setores produtivos. Atualmente, tem sido usado para preenchimentos em tratamentos estéticos faciais e corporais, principalmente para aumento dos glúteos.

Mas, sua composição pode causar reações inflamatórias que, por sua vez, podem causar deformidades e necrose dos tecidos onde foi aplicado. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) considera o PMMA de risco máximo e, por isso, só deve ser administrado por profissionais médicos treinados.

O produto, de acordo com a Anvisa, também possui uma destinação muito específica, que é a aplicação para corrigir pequenas deformidades do corpo após tratamentos de AIDS ou de poliomielite.

Bioestimulador
O procedimento, de acordo com o marido da influenciadora, foi feito pela dona da clínica. Segundo ele, ela foi informada que Aline passou mal e chegou a visitá-la no Hran. No hospital, negou ter aplicado PMMA em Aline e disse que usou “um bioestimulador”.

Segundo apurado pelo g1 DF, em outro dia, por telefone, a mulher disse que Aline poderia ter pego uma infecção no lençol de casa, mas o marido da influenciadora disse que isso não seria possível, “pois em nenhum momento o local da aplicação do produto ficou inflamado ou saiu algum tipo de secreção e que Aline teria ficado o tempo todo de bruços, com as nádegas para cima”.

De acordo com o marido da influenciadora, nenhum medicamento dado no hospital surtiu efeito, “possivelmente devido ao produto injetado”.

Melhorar ou transformar alguma insegurança estética através de procedimentos é uma demanda que tem crescido no Brasil. De acordo com uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SDB), publicada no ano passado, a busca por alternativas estéticas cresceu 390% desde 2020. No entanto, junto com o aumento da demanda, cresce também o medo entre os pacientes de obterem um resultado artificial, ou que não valorize as características individuais do rosto.

Para quem busca resolver uma insegurança com naturalidade, existem procedimentos eficazes e que apresentam resultados satisfatórios. É o que explica a dentista Natália Rocha Bartholo, especialista e professora de harmonização orofacial e sócia da In Odontologia.

— Apesar de o nome remeter a padrões de beleza, muitas vezes exagerados, a harmonização orofacial é uma especialidade que consegue disfarçar características que incomodam no rosto e realçar pontos de beleza dos pacientes. Quando bem feitos, os procedimentos ficam extremamente sutis e elegantes — explica a profissional.

Natália comenta, ainda, que após o procedimento, os pacientes tendem a apresentar melhoras significativas na autoestima, de uma forma sutil e discreta. Segundo ela, uma das alternativas para evitar exageros é seguir com o princípio de que “menos é mais”.

— Primeiro, procuramos entender o que está incomodando no rosto e como podemos melhorar determinada característica. Na sequência, traçamos um plano de tratamento para embelezar ou rejuvenescer o paciente. Por isso, cada pessoa recebe uma indicação diferente e os procedimentos são sempre pensados de forma individualizada — explica.

Para favorecer ainda mais o resultado natural dos pacientes, Natália conta que o processo começa logo nas primeiras sessões, em que as conversas visam explicar sobre a importância de valorizar a beleza natural. Ainda, todos os procedimentos são feitos com produtos de qualidade premium, evitando que aconteçam intercorrências que prejudiquem a estética a longo prazo.

— Uma mulher que gosta da imagem que vê no espelho já acorda mais feliz, e eu vejo essa mudança de expressão aqui no consultório quando as pacientes vêm para consulta de retorno do procedimento. Escuto muito elas falarem que começaram a receber elogios mas sem ninguém conseguir perceber exatamente o que foi feito — relata.

Segundo a profissional, o público dos procedimentos podem ser divididos em duas categorias: jovens, que buscam embelezar algum ponto específico do rosto ou até prevenir o envelhecimento; e pacientes com um processo de envelhecimento em andamento que buscam rejuvenescimento. Em ambos os casos, os resultados são significativos.

Sorriso e autoestima andam juntos
Além dos procedimentos de harmonização orofacial, outra demanda que tem registrado crescimento é a de melhorar o sorriso. As lentes de contato; por exemplo, têm a capacidade de transformar a estética dental de maneira rápida e eficaz, corrigindo imperfeições, manchas, desalinhamentos, espaçamentos ou desgastes, têm sido bastante buscadas pelos pacientes.

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